No ciclo da vida de
qualquer um de nós, a idade é uma realidade incontornável, num avanço
cadenciado, ano após ano, a caminho de uma velhice que se pretende tranquila, em paz e com a
maior qualidade vida.
Ser idoso nos tempos que
correm, ou melhor, ser sénior neste tipo de sociedade acelerada e tecnológica,
constitui um sério problema, não apenas para o próprio, como acima de tudo para
o seu agregado familiar. Assistimos em muito casos à exclusão dessas pessoas e
até mesmo ao seu estigmatismo social.
Saber envelhecer, devia
ser uma prática de vida devidamente acompanhada por instituições sociais com
valências nessas áreas, tornando a rotina enfadonha e repetitiva do dia a dia,
num refrescamento de alma com objetivos concretos de valorização pessoal.
Infelizmente isto está a penas ao alcance de uns tantos.
Quando se vai para a reforma e somos autónomos abre-se
um capitulo de muitas realizações, mas para aqueles que por muitos motivos
ficam limitados ou incapacitados fisicamente, a realidade de um Lar ou Centro
de Apoio torna-se uma realidade.
É difícil ir para um sitio que não é nosso, onde não
temos as nossas coisas, o nosso espaço, viver com outras pessoas que não
conhecemos, onde existem regras para levantar, deitar, comer, perde-se a
privacidade para tudo…
Há uma grande parte dos idosos que pacificamente aceita
esta nova vida, compreende que os filhos não tem tempo, trabalham e que eles
próprios não podem ficar sozinhos. Aceitam e recebem a noticia com um sorriso e
ainda tentam consolar os filhos pela decisão difícil que é colocar os pais num
Lar.
Nestas instituições existem pessoas fantásticas, apesar
de ser uma profissão mal paga, existem pessoas que tem aquela vocação para
tratar e cuidar dos outros, arrancar sorrisos nos momentos de tristeza,
consolar e animar quando é preciso, e depois existem outros que estão ali para
ganhar o ordenado, ganham pouco e fazem o mínimo, olham para o relógio a contar
as horas para ir para casa, para eles os idosos são invisíveis, aliás alguns
chegam a ser muitas vezes indelicados.
Existem lares com belos jardins e instalações
maravilhosas, existem lares que eram habitações familiares, transformadas em
lares, espaços pequenos e sem luz, existe muita coisa, com características
diferentes, mas não deixam de ser lares para idosos.
A comida, por experiência, sabemos que quando fazemos
comida para muita gente nunca fica tão bom e apartir de uma certa idade já não
se podem comer certas coisas, por motivos de saúde, ou outros…
Isto para concluir que independentemente do lar, da
comida, do conforto, o grande problema é o abandono e esquecimento dos idosos.
Fim de semana após fim de semana, sem visitas, nem nas
datas especiais, aniversários, Natal, Páscoa… ali ficam esquecidos, à espera,
sem um rosto familiar, as saudades, as saudades…
Recordo com tristeza a alegria em que via alguns idosos
na véspera de Natal ansiosos pela visita dos filhos no dia a seguir, para irem
a casa, almoçar no dia de Natal e não ter aparecido ninguém. E no fim de semana
a seguir quando perguntei como tinha sido, desculparam os filhos a chorar…
Não percebo como se pode tratar assim alguém, no fim da
vida, quando todos nós caminhamos para a velhice, todos um dia vamos ser
idosos, os que lá chegarem…
Mas
existem coisas boas e pessoas espectaculares! Mesmo havendo alguns idosos
completamente sozinhos, essas pessoas fazem tudo para que o dia deles seja mais
colorido. Há lares que tem animadores, organizam actividades, participam em
eventos fora do espaço do lar… dinamizam e preenchem o dia destes queridos, e
isso é maravilhoso!