Na região de Sesimbra encontram-se algumas ocorrências de
diatomito que foram objecto de exploração mineira, sendo que o depósito mais
intensamente explorado se localiza nas proximidades de Amieira em Alfarim.
Associado ao jazigo mineral, encontra-se também uma
unidade transformadora. Esta mina está abandonada desde 1984, mas apresenta um
conjunto de características que lhe conferem um elevado interesse patrimonial
geológico-mineiro e que justificam a tomada de medidas que promovam a sua
preservação.
O diatomito, conhecido também por outras designações, é
uma matéria-prima explorada com variadas finalidades, essencialmente
industriais: agente de polimento, pastas dentífricas, filtrante, cimento,
revestimentos, isolante térmico, entre outras. Uma das mais particulares
aplicações de diatomito, já histórica, foi a da utilização no fabrico de
dinamite devido à sua elevada capacidade absorvente.
As ocorrências de diatomito mais conhecidas em Portugal
encontram-se a Norte do Tejo, sobretudo nas regiões de Rio Maior e Óbidos. A
Sul do Tejo são também conhecidas algumas ocorrências no Barreiro e, em
especial, na região de Sesimbra. Aqui, foram atribuídas concessões de
exploração em vários locais nas vizinhanças da Lagoa de Albufeira: Coelheira,
Abogaria, Ferrarias e Amieira- Alfarim.
No total do distrito de Setúbal, a produção destas
explorações chegou a atingir um total de 750 toneladas, em 1957 e de somente
112 em 1962.
A última das concessões referidas, a Mina de Amieira, terá sido a que mais intensamente lavrou e produziu, até ao seu encerramento em 1984. Neste local, para além do jazigo mineral encontra-se nas proximidades a respectiva unidade de transformação da matéria-prima. É este conjunto, jazigo e unidade transformadora, que apresenta características patrimoniais.
A última das concessões referidas, a Mina de Amieira, terá sido a que mais intensamente lavrou e produziu, até ao seu encerramento em 1984. Neste local, para além do jazigo mineral encontra-se nas proximidades a respectiva unidade de transformação da matéria-prima. É este conjunto, jazigo e unidade transformadora, que apresenta características patrimoniais.
O jazigo de diatomito da Amieira em Alfarim, foi o mais
intensamente explorado entre todos os da
região de Sesimbra, é de pequena dimensão sendo que, no máximo, o depósito
explorado não excede os 3 m de espessura; o diatomito é de cor esbranquiçado e
apresenta leitos arenosos intercalados.
Aspecto geral de uma frente de exploração do
jazigo de diatomito de Amieira
Pormenor dos níveis de diatomito
A extracção era efectuada de modo artesanal, com
recurso somente a enxada e picareta, e o material
extraído transportado, em carrinho-de-mão, até à
unidade transformadora, conhecida localmente por
“fábrica de giz”, que se situava a cerca de 100 m de
distância. Aqui o material era descarregado
no anexo do edifício que funcionava como armazém.
Aspecto geral da unidade transformadora
(“fábrica de giz”) da mina de Amieira
O armazém de diatomito no interior do
edifício
Uma vez chegado ao armazém, o material era encaminhado
para transformação que consistia, fundamentalmente, em moagem, primeiro mais
grosseira, depois mais fina, seguido de separação granulométrica por gravidade
e embalagem de pó de diatomito em sacas de papel.
Assim, os blocos de diatomito
armazenados eram colocados numa calha onde um veio sem-fim, os desagregava e
transportava até um de dois moinhos eléctricos (seleccionados consoante a
granulometria pretendida). A partir destes moinhos o material moído circulava
por um conjunto de ciclones, nos quais se efectuava a separação granulométrica.
Cada fracção recolhida era então embalada em sacas de papel cujo peso final
variava entre 18 a 20 kg, que eram cozidas à mão pela única funcionária da
mina, e nas quais era pintada a identificação da empresa mineira e a designação
do produto final: “Diatomite Alfar”.
Veio sem-fim para desagregação e transporte
de diatomito
Ciclones para separação granulométrica
Chapas para inscrição do nome da empresa e
do produto “diatomite Alfar”
No interior do edifício encontra-se ainda armazenada uma
grande quantidade destas sacas com os diferentes tipos de moagem que nunca
chegaram a ser comercializadas. O destino final deste produto era,
principalmente, para aplicação na construção civil (revestimentos e isolantes).
Embalagens de diatomito moído ainda
armazenados no interior da unidade transformadora
Para além do equipamento atrás descrito é de referir a
existência, em razoável estado de conservação, de um motor a fuel, cuja função
principal era a de accionar o funcionamento do veio sem-fim de transporte do
diatomito para os moinhos. Simultaneamente, todo o calor produzido pelo
funcionamento do motor era recuperado e utilizado para aquecimento da calha de
transporte de modo a secar alguma humidade existente nos blocos de diatomito e
a impedir que o veio encravasse. Por outro lado, este motor fazia funcionar um
gerador que, para além de alimentar os motores eléctricos dos moinhos, fornecia
energia eléctrica para todo o edifício.
Motor a fuel fonte de energia da mina
Do ponto de vista didáctico e cultural, o jazigo de
diatomito de Amieira apresenta um excelente exemplo da importância da Geologia
para a Sociedade através da demonstração do aproveitamento de materiais
geológicos, e constitui simultaneamente um local com elevado interesse em
termos de Arqueologia Industrial.
A Mina de Diatomito de Alfarim apresenta, assim, um
elevado interesse patrimonial sob vários aspectos e justifica claramente a
tomada de medidas que possam permitir a sua preservação, manutenção e posterior
divulgação através, por exemplo, da sua musealização. No entanto, alguns dos principais obstáculos à protecção
do local prendem-se com questões de propriedade, tanto do terreno como da
concessão mineira, e com outras relacionadas com projectos de utilização
previstas para a área (classificada em carta de ordenamento do plano director
municipal como “espaço para equipamentos”).
Deste modo, só a intervenção conjunta de várias
entidades, desde a autarquia local ao CN, passando pelo ex-IGM (INETI) e, certamente,
pela colaboração dos próprios proprietários o terreno e da exploração, tornará
viável a salvaguarda deste rico património geológico-mineiro. Uma nota final
para o registo da acelerada degradação da Mina de Amieira, com a queda de parte
do telhado durante o último Inverno, o que torna cada vez mais premente a
realização de acções de recuperação e manutenção do edifício.
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