quarta-feira, 9 de julho de 2014

Fábulas e Contos de Alfarim: DOM GASPAR DE LA BROA

Andava valente e emproado, cavalgando com o seu belo e altivo cavalo russo, de nome Andarilho, o Senhor Dom Gaspar De La Broa.
Cavaleiro e cavalo, destemidos, aventuravam-se pelas terras a sul do Condado Portucalense em busca de Mouros Estava uma bela manhã de Verão e o fiel amigo Violino, um cão, seguia-os de perto com as orelhas em pé.
O carreiro era apertado e a vegetação muito densa.
- Não se escondam! Venham até nós, seus invasores! Nós vamos conquistar este território!
Dizia Dom Gaspar De La Broa, erguendo no ar uma enorme espada reluzente.
Para além do som das passadas do cavalo e do cantar dos pássaros, não se ouvia mais nada.
Já estavam a andar à mais de duas horas e nem sinal dos Mouros.
A postura altiva e aprumada, foi substituída por uma figura estafada do cavalo, e uma postura desalinhada e um ar aborrecido do cavaleiro, só o Violino se mantinha vigilante.
De repente, o cão, que agora ia à frente, sempre desperto, parou… fez-se um silêncio assustador e o cavalo ficou em sentido.
Dom Gaspar compôs-se, levantou os ombros e endireitou as costas, olhou para o fundo do carreiro com os olhos arregalados e procurou um sinal do inimigo… os Mouros.
O silêncio foi quebrado por um som melodioso e suave, um canto belo e harmonioso… Debaixo de uma árvore gigante com uns extensos ramos esguios, envoltos por folhas verdes de uma hera, estava sentada sobre uma pedra uma donzela. A jovem penteava os seus longos cabelos louros, reluzentes como sol, com um pente de ouro, era bela e cantava um lindo cântico.
- Uma Moura Encantada…
Ficaram os três hipnotizados com tanta beleza e magia… enquanto o cavalo, a passos muito vagarosos se aproximava da Moura.
- Meu jovem e bravo cavaleiro… que procuras aventuras destemidas… és nobre e corajoso, buscas a glória… vem… vem … aproxima-te… vem até junto de mim…
Dom Gaspar De La Broa desceu do cavalo e aproximou-se da Moura. Andarilho e Violino olhavam fascinados, parados lado a lado.
- Já te esperava há algum tempo… ansiosa que tu, com a tua vigorosa espada me libertasses deste encantamento… peço-te que me ajudes e em troca dar-te-ei um maravilhoso tesouro…
O Violino ladrou e deu ao rabo e o Andarilho relinchou, quando ouviram a palavra tesouro.
- O que queres que faça? Perguntou Dom Gaspar.
A Moura levantou um pouco o vestido. No seu pé direito, descalço, tinha envolta uma corrente que a prendia à pedra.
- Quebra esta corrente com a tua nobre espada e libertar-me-ás deste feitiço…
Dom Gaspar levantou a espada no ar e deixou-a cair sobre a grossa e ferrugenta corrente.
Fez-se um estrondo enorme e a corrente quebrou-se… uma luz mágica e intensa envolveu todo o local, parecia que caiam estrelas do céu, não se conseguia quase abrir os olhos, nem se via nada.
De repente tudo desapareceu e ficou um aroma a flores no ar. No sítio onde estava a Moura, em cima da pedra estava uma cesta, coberta com um pano de linho bordado a ouro.
Dom Gaspar De La Broa aproximou-se e levantou o pano, o seu rosto iluminou-se e os seus olhos reluziram de felicidade perante o que viam dentro da cesta …
- BROAS DE ALFARIM!
- Simão? Simão Gaspar? Simão Gaspar!? Gritou a Professora.
- Sim…, sim… Senhora Professora? - Responda à pergunta! Onde é que o menino está com a cabeça?   
- Qual é o nome da Batalha entre Mouros e tropas de D. Afonso Henriques, onde este se autoproclamou Rei de Portugal?
- Hum…hum… Broas de Alfarim! Responde o Simão meio assarapantado.
Toda a turma desata a rir perante o olhar incrédulo da Professora.
- Batalha de Ourique Professora, Batalha de Ourique!
Trim, trim… toca para a saída. Os meninos arrumam e começam a sair da sala de aulas.
- Desculpe Professora! Estava a viajar na tempo…
- Dom Simão, Dom Simão… A Professora pisca-lhe o olho.

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