quinta-feira, 30 de julho de 2009

As nossas Estradas

Fazer estradas nesta terra parece obra de outro mundo, uma coisa simples, mas muito pouco interesse na realização de um trabalho perfeito.

São necessárias várias tarefas, desde abertura de valas, compactação, camada de tout-venant (também compactado), e outros importantes trabalhos até chegar à camada de desgaste, o tapete asfáltico.

A falta de coordenação na abertura de valas das várias especialidades, redes de água, esgotos e electricidade, obriga a nova abertura de valas depois do tapete, já de si mal executado, dando origem aos desnivelamentos, abatimento de pavimento, fissuras, lombas, buracos.

Depois da política de investimento nas grandes vias estruturantes, as 'velhas' estradas regionais e municipais precisam de alguém que olhe por elas. Muitas foram usadas e abusadas por camiões carregados de terra e areias...

As nossas estradas estão cada vez mais longe da tão desejável forma plana, amiga do conforto, da segurança e da mecânica, uma evidente falta de respeito pelos nossos carros.

Os limites do Controlo

quarta-feira, 29 de julho de 2009

terça-feira, 14 de julho de 2009

Ching-ming Festival

"Este é um famoso quadro chinês, tesouro cultural do país e patrimônio do Museu de Xangai, que leva multidões a apreciá-lo demoradamente.
Pintado entre 1085 e 1145, mede cerca de 24.5m comp. por 5,28 m alt.
Apreciem-no, deslocando o cursor para a direita e para a esquerda para vertodo o quadro.
Quando aparecerem quadrados brancos, cliquem e vejam aanimação, como se entrássemos no quadro como visitantes.A mistura de uma pintura milenar com modernas técnicas de animação é espetacular."

sexta-feira, 3 de julho de 2009

QUIMICA




Era fim de tarde, o ar estava quente e abafado. Estava à três meses na Ilha de Santiago, Cabo Verde, em trabalho.

Dirigia-me para casa quando resolvi parar num Bar junto à estrada o “SAFARI HEAT”.

Um daqueles bares na praia, feito de canas e folhas de palmeiras, com a madeira corroída e gasta pela maresia. Era um espaço amplo e aberto, com uma vista privilegiada para o extenso areal e o infinito mar azul, ladeado por uma vasta vegetação exótica.

Entrei, tirei o chapéu e cumprimentei surpreendido uns conhecidos que se encontravam sentados numa mesa logo na entrada. Convidaram-me a sentar, estavam muito animados. Por momentos hesitei, mas o meu olhar alcançou a outra ponta do bar e recusei amavelmente!

Ali estava Ela… sozinha….

Sensualmente sentada numa cadeira, com as pernas estendidas e os pés traçados sobre um tronco de madeira, envolta em flores encarnadas e grandes folhas verdes, a ler um livro.

Já nos tínhamos cruzado várias vezes pela ilha e trocámos olhares furtivos e cúmplices. A primeira vez que nos vimos, parámos por instantes e olhámos fixamente um para o outro, como se já nos conhecêssemos, o meu coração acelerou e senti as pernas a tremer.

Fiquei hipnotizado por Ela, a forma sedutora com se movia, não resisti e observei-a discretamente.

Era uma mulher esbelta, de longos cabelos castanhos, com um olhar penetrante e esquivo, com um encanto enigmático que me seduzia.

Sentei-me ao balcão e pedi uma bebida, Ela absorvia os meus pensamentos.

Tentei captar o seu olhar, mas quando levantou o rosto do livro e me viu, olhou-me com indiferença de relance.

Admirei o vasto mar azul, o som das ondas a bater e a atraente mulher, embriagavam os meus sentidos.

Quando voltei a olhar para a enigmática sedutora esta estava acompanhada. Ao seu lado estava um homem alto e magro, de costas.

Senti-me traído e até decepcionado, com tanta ilusão que tinha construído no meu subconsciente. Mas ainda fiquei mais desorientado quando o mesmo homem me chamou.
- Ricardo!
Olhei e reconheci aquele rosto, era Patrício, um dos meus colegas do trabalho.

Peguei na minha bebida e dirigi-me à mesa onde estavam.
O Patricio cumprimentou-me satisfeito por me encontrar por ali, e apresentou-a.

- Esta é Helena, a minha mulher.

Fiquei confuso, mas ao mesmo tempo ainda mais aliciado e rendido ao fruto proibido.

Helena tinha uns olhos castanhos enormes e profundamente enigmáticos, um olhar doce e paralisador.

Cheguei a temer que Patricio percebesse o que me ia na cabeça.

Vi no rosto dela que a minha presença também a incomodava, e quando me fixou e estendeu a mão magra e delicada, tive a certeza que eu também não lhe era indiferente, foi como se tivesse a haver uma passagem de energia entre ambos.

Nos minutos seguintes em que conversamos, deliciei-me com o aroma a âmbar que emanava do corpo dela, o decote generoso e o sorriso que esboçou quando contei uma piada.

Fiquei aliviado quando Patricio me disse que no dia seguinte ela ia embarcar para Lisboa. Não sei se conseguiria manter-me afastado dela. Talvez a distancia fosse mesmo o melhor, e de facto foi.

Três anos mais tarde voltei a encontrar Patricio e Helena, numa exposição de um artista Cabo-verdiano em Lisboa.

Cruzei-me com ela no corredor da casa de banho, ela ia a sair.

Quando levantou o rosto e me encarou, os seus olhos iluminaram-se.

Olhou ao redor discretamente, e com o peito encostou-me à parede e beijou-me, enquanto a sua mão, aquela mão macia que eu nunca tinha esquecido se esgueirou para dentro das minhas calças. Beijou-me ofegante e disse:

- Nunca te esqueci!

Soltou aquele riso com que eu tantas vezes sonhara e olhando-me nos olhos afastou-se.

Fiquei desconcertado… e pensei: Eu também nunca te esqueci.